Três estilos, uma essência: o meu guarda-roupa é múltiplo (e isso é libertador)

Por muito tempo tentei encaixar meu estilo em uma só categoria. Sabe aquela pergunta clássica, “qual é o seu estilo?”, que a gente ouve o tempo todo no mundo da moda?

Eu tentava responder com uma palavra só, mas sempre sentia que estava deixando pedaços meus de fora. Foi então que entendi: o meu estilo não é uma linha reta. Ele é movimento, é estado de espírito, é reflexo do que vivo, penso e sinto, além de uma mistura de referências que venho carregando ao longo da minha vida.

Percebi que meu guarda-roupa não cabe dentro de uma só caixinha; ele flui, principalmente, entre três estilos que, mesmo distintos, se conectam e conversam com a minha essência e personalidade: o Boho, o Criativo e o Office Look.

Boho: meu lado livre, leve e nada básico

O Boho é o estilo que abraça meu lado mais livre, intuitivo e conectado com a natureza. Ele aparece nos dias em que quero respirar fundo, desacelerar e me vestir com conforto sem perder a poesia. São os vestidos longos de tecidos fluidos, as saias com movimento, os crochês, as botas, os acessórios pendentes.

Gosto de pensar que o Boho traduz um certo romantismo e liberdade moderna; ele tem alma de estrada de terra, de pôr do sol visto da janela, de playlist folk tocando baixinho.

Mas não é só sobre peças soltas. É também sobre atitude. O Boho me lembra que tudo bem sair do óbvio, misturar texturas, usar o artesanal com o contemporâneo. Ele me reconecta com minha essência sonhadora e com a beleza que existe no simples.

Criativo: o espaço onde me permito brincar

Quando entro no modo Criativo, tudo muda. O look vira um playground, uma forma de contar histórias sem precisar dizer uma palavra. Aqui, as regras se dissolvem: posso misturar duas estampas que ninguém usaria juntas, sobrepor cores vibrantes, brincar com proporções exageradas. No estilo Criativo, não existe “certo ou errado”, só o que me representa naquele dia.

É nesse território que exploro meu lado mais ousado, divertido e intuitivo. Às vezes, basta um acessório diferente, uma modelagem fora do comum, um contraste inesperado. Outras vezes, é um look inteiro pensado para provocar sensações.

O criativo é sobre experimentar, errar, acertar, rir de mim mesma e me permitir sair do previsível. É ele que mantém minha relação com a moda sempre viva.

Office Look: a elegância com propósito

Sim, eu também tenho um lado “executiva de mim mesma”. Mas o que eu mais amo no Office Look é poder reinventar o que entendemos por formalidade. O visual mais clássico não precisa ser engessado, sem graça ou sem identidade; para mim, ele ganha força justamente quando carrega assinatura pessoal.

Aqui entram os blazers e camisas oversized, as calças de alfaiataria combinadas com camiseta branca e tênis, as camisas desestruturadas, os cintos que marcam a silhueta e trazem um ponto de estilo. Uso o Office Look nos dias em que quero passar confiança, foco e clareza, sem deixar de ser eu.

Ele é versátil, moderno e poderoso, e tem um detalhe que amo: a base é sempre sóbria, mas me dá espaço para brincar com um ponto de cor, um acessório inesperado ou uma maquiagem mais ousada.

No fim das contas, esses três estilos não competem entre si. Eles se somam, se fundem, se revezam. Tem dias em que estou 100 % Boho, outros em que acordo Criativa e saio quase performática, e há momentos em que o Office Look domina, lembrando-me da minha força e estrutura. E tudo bem ser assim.

Porque a moda, no fim, é isso: um espelho da nossa complexidade. E poder me expressar por meio das roupas, em tantas versões, é o que me faz amar esse processo todos os dias.