A Berlin Fashion Week aconteceu entre os dias 30 de junho e 3 de julho de 2025, reunindo cerca de 30 mil visitantes em 36 desfiles realizados em locais icônicos como o Tempelhof, o KitKat Club, o Palais am Funkturm e o Schloss Charlottenburg. Com foco em diversidade, inclusão e sustentabilidade, o evento reforçou o papel da capital alemã como uma capital do mundo da moda inovadora e contemporânea.

Semana de Moda de Berlim
Fonte: digital-bb.de
(Acessar link) Talentos emergentes ganham projeção

Uma das grandes novidades desta edição foi o Berlin Curated, iniciativa que reuniu 14 jovens designers, estudantes ou recém‑formados. Cada um apresentou três looks cheios de personalidade e técnica artesanal, explorando bordados, upcycling e inovação têxtil. Esse formato reforça o compromisso de Berlim com a formação de novas gerações da moda.

Além disso, o Berlin Contemporary, programa de apoio com prêmios de 25.000 euros para as 19 marcas ganhadoras, desta vez também aceitou candidaturas internacionais, incluindo nomes como Orange Culture (Nigéria), PALMWINE IceCREAM (Gana) e BUZIGAHILL (Uganda). Grandes nomes como GmbH, Sia Arnika, SF1OG, Lueder, Haderlump, Richert Beil e David Koma fizeram parte da seleção oficial, contribuindo para um mix que mesclou tradição e perspectivas globais.

Temas que transcendem o design
Fonte: 10magazine.com
(Acessar link) Temas que transcendem o design

O tema central desta edição foi “The responsible movement of freedom, inclusion and creativity”, e as coleções refletiram pautas sociais e discussões profundas. Marcas como Kitschy Couture abordaram imigração e pertencimento, enquanto GmbH homenageou as vítimas de conflitos com um minuto de silêncio e explorou memórias de infância como mecanismo de enfrentamento emocional.

A nova coleção masculina de David Koma, intitulada “I Love David”, estreou em Berlim dentro do programa Berlin Contemporary, e trouxe tecidos narrativos que dialogam com figuras icônicas como Michelangelo e David Beckham, em uma homenagem à masculinidade reinventada.

Principais Tendências da Temporada

Utilitarismo Renovado — Lueder
Fonte: jtdapperfashionweek.com
(Acessar link) 1- Utilitarismo Renovado

A estética funcional ganhou uma nova camada de sofisticação. Bolsos utilitários, cintos largos, tecidos técnicos e cortes estruturados apareceram em diversas coleções, como nas criações de Lueder e Avenir. A proposta não é apenas prática, mas também narrativa: vestir‑se como se o cotidiano fosse uma missão ou uma resistência.

Romantismo Desconstruído — Lou de Bétoly
Fonte: keyimagazine.com
(Acessar link) 2- Romantismo Desconstruído

Rendas,laços, babados e transparências estiveram em alta, mas com uma pegada nada óbvia. Marcas como Lou de Bétoly misturaram delicadeza e caos, trazendo uma estética “coquette alternativa” que une o vintage e o trash de forma lúdica e provocadora. O romantismo agora é rebelde e político.

Referências Históricas Reimaginadas — David Koma
Fonte: jtdapperfashionweek.com
(Acessar link) 3- Referências Históricas Reimaginadas

A temporada foi marcada por um retorno a figuras e narrativas históricas reinterpretadas sob a lente da moda atual. David Koma, por exemplo, trouxe Michelangelo e David Beckham como símbolos de masculinidade e expressão artística, enquanto Haderlump homenageou Amelia Earhart com peças inspiradas em trajes de aviação.

Upcycling e Manipulação Têxtil — Berlin Curated
Fonte: fashionstreet-berlin.de
(Acessar link) 4- Upcycling e Manipulação Têxtil

Sustentabilidade deixou de ser tendência e se tornou base. O diferencial desta edição foi a inventividade técnica: tecidos reaproveitados foram bordados, costurados à mão, transformados em esculturas usáveis. Os jovens designers do Berlin Curated levaram essa abordagem ao extremo, com peças que pareciam saídas de um ateliê de arte.

Moda como Manifesto — Kitschy Couture
Fonte: fashionweek.berlin
(Acessar link) 5- Moda como Manifesto

O discurso político e social esteve mais presente do que nunca. Marcas como GmbH e Kitschy Couture não apenas desfilaram roupas, mas contaram histórias sobre imigração, pertencimento, violência, amor, trauma e identidade. A passarela virou palco de expressão e resistência, mostrando que a moda em Berlim é profundamente conectada com a realidade do mundo.

Berlin Fashion Week — Street Style
Fonte: dazeddigital.com
(Acessar link) Uma plataforma em expansão

Esta edição marcou a consolidação da Berlin Fashion Week como um ponto de encontro global: maior internacionalização do público e interesse comercial mais forte de grandes marcas, mesmo com critérios de sustentabilidade ganhando força. O street style, capturado sob uma estética roqueira e monocromática, também mostrou a influência cultural do evento para o cenário urbano.

Por que essa edição é relevante para o Brasil?

Como plataforma que valoriza diversidade cultural, sustentabilidade e autoralidade, a Semana de Moda de Berlim está cada vez mais próxima do espírito de inovação que pulsa também na moda brasileira. Seja na capacidade de revelar talentos ainda em formação, seja na forma aberta e crítica com que aborda questões globais, ela reafirma a tendência de uma moda com propósito, algo muito presente no cenário do nosso país.