Setembro e outubro são meses intensos para o mundo da moda. É quando o calendário global se volta para as Semanas de Moda das quatro principais capitais fashion: Nova York, Londres, Milão e Paris.

Durante esse circuito, as marcas apresentaram suas coleções para a próxima temporada (Primavera/Verão 2026), antecipando o que vamos ver nas vitrines, ruas e, claro, nas redes sociais. Mas, mais do que desfiles, essas semanas funcionam como termômetros de comportamento, traduzindo o que as pessoas desejam vestir, expressar e sentir.

E neste ano, a energia foi contagiante.

Nova York abriu o calendário com seu mix de ousadia e pragmatismo urbano. Londres reafirmou sua essência criativa e livre. Milão trouxe o luxo artesanal e clássico, que é sua marca registrada, e Paris encerrou o ciclo com poesia, tradição e vanguarda.

Foi um verdadeiro espetáculo de contrastes, em que cada cidade imprimiu sua personalidade e juntas desenharam um panorama do que vem por aí na moda mundial.

Nova York

A NYFW deste ano se mostrou vibrante e repleta de contraste entre ousadia e praticidade. Pudemos ver muito tecido transparente, alfaiataria desconstruída e looks que brincaram com proporções. Já no street style o naked dressing continuou firme, além das peças esportivas reinterpretadas em versões mais sofisticadas e muitos acessórios maximalistas, que eu particularmente amo.

Londres

A LFW trouxe um mix de herança britânica e experimentalismo. Peças com xadrez, influências rurais e tecidos clássicos reinventados. Mas, também apresentou silhuetas esculturais, muito volume em mangas, ombros, vestidos dramáticos e peças com formas quase arquitetônicas.

Além disso, marcas emergentes tiveram destaque, com identidade forte e mais liberdade criativa. Junto com a sustentabilidade, que apareceu desde o reaproveitamento/recortes até peças feitas 100% com materiais conscientes.

Milão

Milão continua sendo o palco da sofisticação e da moda mais clássica, principalmente através de texturas, franjas, cores quentes e detalhes bordados. Houve um olhar nostálgico aos anos passados, mas misturado com modernidade, através de modelagens assimétricas, decotes estratégicos e peças que misturaram o feminino e o masculino.

Também pudemos ver uma paleta terrosa forte, com cores mais sóbrias, mas com flashes de cores marcantes como o vermelho escarlate e tons vivos contrastantes.

Paris

Paris foi onde tradição e modernidade conversaram de forma mais forte. Muitos marcas passaram pela troca de suas direções criativas, o que acaba sempre gerando uma nova leitura de seus legados, com novos olhares. A Chanel, por exemplo, apostou em silhuetas arrojadas, mas mantendo códigos clássicos como o tailoring elegante misturado a extravagâncias sutis.

Também pudemos observar uma vibe mais fantasiosa em certos desfiles, com cenários teatrais, elementos quase poéticos ou artísticos, mostrando que o show também importa, não só a roupa.

Top 5 Tendências Marcantes entre as Quatro Capitais da Moda Mundial

Aqui vão as cinco tendências que mais apareceram ou mais repercutiram, que acho que vão influenciar bastante a próxima temporada.

Transparências e Naked Dressing

A transparência foi uma das principais tendências da temporada, com looks que deixavam a lingerie à vista, ou através de tecidos translúcidos, tops ou vestidos que ousam mostrar. Nova York e Paris foram os destaques para essa tendência.

Volume e Silhuetas Esculturais

Mangas exageradas, ombros estruturados, peças que brincavam com formas, às vezes quase dramáticas. Londres, Milão e Nova York lideraram nesse quesito.

Herança e Elementos Clássicos Reimaginados

Clássicos como tartan, trench coat, tweed, alfaiataria, mas com um novo olhar, foi o que pudemos observar nas semanas de moda. Cortes assimétricos e mistura de traje formal com streetwear.

Cores Terrosas

Paletas sóbrias, com marrom, caramelo, tons quentes, beges, foram as principais escolhas das marcas nesta temporada, mas com entradas pontuais de cores fortes, como o vermelho escarlate, vermelho vivo e flashes de cores primárias, para dar contraste.

Texturas

Franjas, brilhos, bordados, efeito metalizado, tudo foi utilizado para trazer movimento e causar impacto visual além do corte das peças.

No fim, parece que a moda desta temporada está entre ousar e se reconectar com algo que seja autêntico. A extravagância está lá, nos cenários dos desfiles, nos elementos dramáticos, no excesso de textura. Mas, também há um anseio claro por vestir algo com significado, com legado, herança cultural, sustentabilidade e estética pessoal, não só o espetáculo.

Para mim, essas últimas semanas de moda indicaram que quem veste vai querer algo que conte uma história, seja pela cor, pela forma, pelo material, pelo corte. Não basta estar na moda, tem que ter identidade. E as fronteiras entre a alta moda e a moda utilitária continuam borradas.